sábado, 25 de julho de 2009

Abará

O que chama de realidade, considero pessimismo segundo os meus parâmetros na medida em que julga o todo de pessoas ou sociedade por uma parte significativa, mas ainda minoria de pessoas voltadas o suficiente para si a ponto de negligenciar ou prejudicar o vizinho ou o colega e trabalho. Ainda assim, acredito que aquele vizinho que colocou seu lixo à porta de nossa casa é fundamental para a nossa avaliação do mundo. Primeiro, se não o soubermos, dar-nos-emos conta do quanto é desagradável ter o lixo de outrem, com odores desagradáveis dos restos de um desconhecido, à nossa porta. Portanto, só faremos algo semelhante (colocar o lixo na porta de alguém) com dolo, ou seja, com a intenção de magoar ou de agredir. Pois é, um ato “sujo” como esse nos faz mais responsáveis por nossas ações – primeiro ganho, creio eu. Segundo, quando nos mudarmos e tivermos um novo vizinho limpo, asseado e respeitoso, estaremos predispostos a agradá-lo com um bolo de milho nas festas juninas, por exemplo. Afinal, ele poderia, mas não coloca lixo à nossa porta.Por sua vez, o bolo de milho pode fazer com que nosso novo vizinho não dê tanto valor ao fato de que ouvimos ópera aos domingos e ele ache isso o “fim da picada” em termos de gosto musical. Pronto, fomos poupados de um comentário negativo sobre nosso gosto musical. Podem me perguntar e digo: sim, as relações são baseadas em trocas, em conveniência, numa balança dinâmica entre pontos positivos e negativos, ganhos e perdas. As relações saudáveis parecem ter um equilíbrio nessa balança. Isso é ruim? As relações na natureza muitas vezes são assim e estas parecem ser as mais harmônicas já que são regidas de maneira relativamente estável e fixa em um período maior de tempo. Lembram das aulas de Ciências e da relação de comensalismo entre um peixinho que nada com o tubarão e se alimenta de restos de suas presas e ao mesmo tempo limpa seus dentes – bom para um, bom para o outro.

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